__________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ MUCABA ANGOLA C.CAÇ.2613: MEMÓRIAS SOLTAS DE UM EX-COMBATENTE 6

2006-02-12

MEMÓRIAS SOLTAS DE UM EX-COMBATENTE 6

A VIAGEM
A viagem no Império decorria normalmente, eu tinha umas horas que tinha que estar na enfermaria o resto do tempo passava-o como queria, houve no entanto, várias peripécias durante a viagem que nos ficam na memória, uma noite houve um princípio de incêndio na casa das máquinas, o qual passou despercebido praticamente a todos, eu só fiquei sabendo o que se estava a passar porque estava na enfermaria e começou a haver um movimento anormal na enfermaria da tripulação, um com queimaduras parciais num braço, outro semi-intoxicado pelo fumo, etc. e o alarme foi dado por outro navio que se cruzou com nosso e que viram que da chaminé principal já saiam labaredas.
O fogo foi extinto, e sem mais problemas prosseguimos a viagem. Até que mais ou menos a meio do tempo, apareceu-me na enfermaria um soldado com cólicas abdominais, que não cediam aos analgésicos nem aos anti-espasmódicos, chamei o médico de serviço o qual diagnosticou uma apendicite aguda, um caso grave que possivelmente requeria uma evacuação urgente do doente. Aqui surge um problema, o navio estava a um dia do Brasil, mas o doente não podia esperar um dia isso iria comprometer êxito da operação, a evacuação de helicóptero era problemática pois este teria que vir de Cabo Verde ou da Guiné e punha-se em causa a autonomia de voo incluindo o tempo de preparação de aproximação ao navio e depois as condições para içar o doente para o heli, e depois o transporte neste meio não era o mais indicado para a situação.

Por acaso da sorte no navio seguia também uma equipa de cirurgiões que iam de visita ao Hospital militar de Luanda, reuniram-se com o médico de serviço e com o médico de bordo, durante várias horas, e chegaram a conclusão o melhor para o doente seria fazer o intervenção no próprio navio, embora revestida também de algum perigo, eu como era o enfermeiro de serviço, fiquei mais gelado que uma pedra do dito quando me disseram que tinha que dar assistência na operação, pois eu nunca tinha assistido a uma coisa dessas, e creio que nenhum dos enfermeiros que estavam a bordo o tinha feito, nem mesmo os furriéis. Safou-me mais uma vez o enfermeiro de bordo que se ofereceu para dar assistência aos médicos na intervenção cirúrgica.

Cerca das 20 horas pararam as máquinas do navio para não haver a trepidação normal naquele tipo de embarcação, e cerca das 22 horas o doente já estava operado na enfermaria militar, depois foi só cuidar dele até chegar a Luanda, quando o navio atracou já estava à espera uma ambulância do Hospital Militar foi só transporta-lo para a ambulância e foi acabar a convalescença no Hospital Militar de Luanda, nunca mais soube nada dele penso que ficou bem, hoje decorridos mais de 30anos, não sei

1 Comments:

Blogger amigona avó e a neta princesa said...

Tal como disse no outro blogue este então é só procurares entre TAAAAAAAAAAAAAAAANTOS que lá estiveram... mas tens que te dar a conhecer...

1:14 da manhã  

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